segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Caiu na rede é, peixe?


Sexta-feira, dia 04/09/2009, houve uma reunião na escola do meu menino que, pelo que constava no bilhete, seria para formar uma comissão com o objetivo de melhorar a qualidade do ensino da escola, que completa 20 anos. Realmente uma boa idéia, e é importante saber que a escola está se preocupando em oferecer um ensino de qualidade aos seus alunos e formar cidadãos que possam exercer de fato sua cidadania, com direitos e deveres.

Fui lá, é claro, e depois de uma pequena apresentação da missão, visão e valores da escola, conceitos conhecidos no mundo corporativo, iniciou-se a explanação sobre o tema principal da reunião: a formação da comissão.


Já de início a primeira decepção, a comissão não possuirá poder deliberativo, ou seja, não tem poder para mudar nada. Desta forma, a única função desta comissão é identificar e propor soluções para a melhoria da qualidade do ensino para encaminhá-las ao conselho escolar, este sim com poderes deliberativos, os que podem fazer algo de fato. Depois veio a escolha dos integrantes, que na minha opinião teve poucos representantes.

Após a formação da comissão, foi aberta a sessão para as perguntas, aí entra o título do post: a rede. A rede exerce um papel importante nos grupos que a compõe, impondo regras e engessando seus procedimentos e evolução. Claro que tem lá suas vantagens, mas a burocratização que impõe é forte.

As reclamações foram do material didático à divisão dos períodos em trimestres ou bimestres, mas sempre esbarrava na rede, ou seja, para alterar o atual, a comissão tem que sugerir ao conselho escolar, que poderá encaminhar à rede as sugestões, mas só será efetivamente alterado se uma comissão das redes aceitarem. E isso leva tempo.

Assim, as melhorias precisam passar por outras comissões para serem aprovadas, porém uma melhoria muito importante para uma unidade, pode significar muito pouco para as outras, inviabilizando a mudança. Esquecem-se que cada unidade tem as suas características e principalmente o ambiente em que estão introduzidas, que geram as necessidades mais variadas.

Não precisaria ser assim, o conceito poderia ser mais flexível. Se uma melhoria foi proposta e implementada em uma unidade, ela deveria ser encaminhada à todas as outras que poderiam ou não adotá-las. Assim iria fomentar a criatividade e geração de novos produtos e procedimentos e não simplesmente a inércia provocada pelo pensamento cômodo "Para que pensar em algo novo se será muito difícil de ser aprovado pela rede?".

E isso não é só nesta rede de escolas não, funciona também nas empresas e posso usar onde trabalho como exemplo. Diversas melhorias e sugestões que agilizariam o trabalho que não puderam ser implementados por não ser extremamente útil para todos.

Toda a sugestão é válida e enquanto menos dificultarmos o acesso à elas mais dinâmico e eficiente o mundo será.

Um comentário:

Iúri disse...

Grande Peter,

Nesse texto pudemos observar que um mal presente no nosso dia-a-dia está também presente nessa escola -- a burocracia.

A desculpa de não implantar novas melhorias é que elas não satisfazem a todos, mas será que isso é motivo para não implantar melhoria nenhuma?

E vai além da burocracia, parece que é comodismo também -- por que mudar se "está bom" (para os donos da escola)?